sexta-feira, 10 de junho de 2016

A mecânica do corpo e a consciência corporal

 O ciclismo enquanto prática esportiva é algo muito complexo porque, além de envolver uma série de modalidades, é também um meio de transporte e uma forma de sociabilização. Mas como toda prática esportiva pode proporcionar uma melhor qualidade de vida, sobretudo porque tem relação com a dimensão corporal.
Uma das primeiras coisas a desenvolver no ciclismo, de um modo geral e, em particular, num pedal como esses, que implica longa distâncias, é o condicionamento físico. A partir daí a pessoa pode encontrar o seu ritmo e pedalar todo o percurso no seu condicionamento, respeitando os seus limites e formas de pedalar (a velocidade, a potência em cada pedalada, o tempo das paradas, etc.).
Essa mecânica é muito importante e uma base fundamental, mas não é suficiente se não for acompanhada por uma consciência corporal -até mesmo porque o aprendizado do condicionamento se dá por uma sensibilidade e conhecimento vivido do corpo, ou seja, a própria consciência corporal.
Nesses pedais de cicloturismo - aventura, que a pessoa pedala muito e durante vários dias é comum sentir fadiga física (além da fadiga psicológica). Essas fadigas, ou melhor, aquela dorzinha de um lado ou outro, deve ser logo percebida e interpretada no sentido da pessoa avaliar os limites dos desgastes corporais, de uma postura inadequada e buscar a simetria dos movimentos além de analisar a situação do próprio desgaste.
No meu caso, depois do quarto dia de pedal meu tendão de Aquiles, do lado direito, começou a doer muito, o que me obrigou a forçar mais as pedaladas usando toda estrutura da perna esquerda (eu sou destro). Passei quase todo o pedal desse jeito. Apesar dos incômodos provocados pela dor foi uma experiência muito interessante, pois ao demandar mais do meu lado esquerdo, do que eu era habituado, pude desenvolver melhor meu condicionamento, mas também ampliar minha consciência corporal sobre meu corpo. Ao pedalar forçando o meu lado esquerdo me exigiu que a percepção fosse, todo o tempo, dirigida para o corpo, justamente porque essa qualidade do movimento não estava rotinizada - no automático do movimento.





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