Em
uma das pedaladas no paradisíaco litoral alagoano, Nilo se aproxima, emparelhando
sua bicicleta à minha. Ele diz: “Procure pedalar sempre com a ponta do pé sobre
o pedal. Crie esse hábito, Marcelo!”.
É
certo que para quase todos os ciclistas experientes (e nem tão experientes
assim), pedalar com a ponta do pé sobre o pedal é a posição, ergometricamente
falando, mais adequada. Porém, nem sempre factível. Afinal, condicionar o corpo
(neste caso, o pé e o ato de pedalar) implica aprender novas formas de se
relacionar com a bicicleta e mesmo como o corpo. Esta chegada do Nilo indica
que alguém mais experiente se ocupa (e se preocupa e cuida) de um outro mais
novo, introduzindo gestos, conhecimentos, ou seja, educando, em um processo de
ensino e aprendizagem vivencial. E isto é muito comum neste tipo de esporte, além
configurar, do ponto de vista antropológico, como se dão os processos de ensino
e aprendizagem.
O hábito, essa incorporação de estrutura estruturante (no dizer de Bourdieu) passa, necessariamente, por uma mediação, instrução, orientação, reflexão e vivência da experiência. Foi, portanto, muito importante a chamada do Nilo pois provocou minha atenção, meus sentidos, aguçou todo um complexo cognitivo, mas que também me obrigou a uma série de repetições e autocorreções. Não sei se incorporei as aprendizagens (ou se criei hábito), mas estou a caminho!
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