domingo, 8 de fevereiro de 2015

Criando o hábito

Em uma das pedaladas no paradisíaco litoral alagoano, Nilo se aproxima, emparelhando sua bicicleta à minha. Ele diz: “Procure pedalar sempre com a ponta do pé sobre o pedal. Crie esse hábito, Marcelo!”.

É certo que para quase todos os ciclistas experientes (e nem tão experientes assim), pedalar com a ponta do pé sobre o pedal é a posição, ergometricamente falando, mais adequada. Porém, nem sempre factível. Afinal, condicionar o corpo (neste caso, o pé e o ato de pedalar) implica aprender novas formas de se relacionar com a bicicleta e mesmo como o corpo. Esta chegada do Nilo indica que alguém mais experiente se ocupa (e se preocupa e cuida) de um outro mais novo, introduzindo gestos, conhecimentos, ou seja, educando, em um processo de ensino e aprendizagem vivencial. E isto é muito comum neste tipo de esporte, além configurar, do ponto de vista antropológico, como se dão os processos de ensino e aprendizagem.






O hábito, essa incorporação de estrutura estruturante (no dizer de Bourdieu) passa, necessariamente, por uma mediação, instrução, orientação, reflexão e vivência da experiência. Foi, portanto, muito importante a chamada do Nilo pois provocou minha atenção, meus sentidos, aguçou todo um complexo cognitivo, mas que também me obrigou a uma série de repetições e autocorreções. Não sei se incorporei as aprendizagens (ou se criei hábito), mas estou a caminho!

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