Para
mim, o ciclismo tem um efeito, um feito, peripatético. Esta palavra grega, que
significa “ambulante” ou “itinerante” e que faz referência a escola
aristotélica (ou uma parte dela) de ensinar ao ar livre. Este efeito, feito, peripatético,
no ciclismo significa que a atividade física vivida provoca em mim uma série de
pensamentos ideias... No ato de pedalar muitas vezes me pego pensando,
refletido sobre questões, trabalhando em uma ideia no sentido de elaborá-la. É
claro que, com o tempo, aprende que não é muito legal (pelo menos para mim)
ficar só “viajando”. Na atividade física procuro também focar na ação, no ato
de respirar e deixar “a mente vazia”, bem na linha zen-budista. Chamo isso de
terra-terra, ou seja, voltar minha consciência para os sentidos e a experiência
do corpo. Procuro então equilibrar a experiência terra-terra com as reflexões.
Esse jeito de curtir, por exemplo, as pedaladas, tem me proporcionado estar em
contato com as experiências do corpo, dos sentidos, dos contextos, mas também
acessado reflexões concentradas e refinadas sobre determinados temas.
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