sábado, 24 de junho de 2017

A Trilha dos Trilhos

A Trilha dos Trilhos é um evento que pode ser classificado como cicloturismo. Encontra-se na sua 4a edição e recebe este nome por causa, obviamente, de um trecho da estrada de ferro que liga o município de Senhor do Bonfim (BA) à Juazeiro (BA), perfazendo 120 km.
Tal evento surgiu mediante a iniciativa de alguns amigos que sonharam em proporcionar uma outra forma de curtir o ciclismo que não fosse via a competição.
Atualmente as edições da Trilha dos Trilhos congrega, aproximadamente, 200 pessoas, entre participantes, organizadores e equipe de apoio.
A proposta tem sido pernoitar em Catuni (povoado do município de Senhor do Bonfim), acampando ou se hospedando em algumas das aconchegantes casas desse povoado, partindo, então, de manhã em direção à Juazeiro. O evento conta com uma boa estrutura de apoio e a inscrição (na última edição custou R$ 110,00 até uma determinada data) inclui café da manhã, lanche, almoço, água, cervejas, água de coco, energéticos, camisa, transporte para os ciclistas e paras as bikes (de Juazeiro para Catuni), além de todo o apoio logístico.
Apesar de todas essas coisas bacanas e o sucesso desse empreendimento, não é fácil executá-lo. O apoio oriundo da iniciativa privada é tímido e a iniciativa pública parece ainda estar insensível para esse potencial. É claro que houve apoio do SAMU (ambulância que acompanhou os ciclistas) e da polícia rodoviária, mas o suporte do setor público, em geral, pode ser qualificável como deveras aquém do que poderia proporcionar. Só para se ter uma ideia é importante imaginar o que quase 200 ciclistas pode movimentar em termos econômicos, de divulgação turística e mesmo os benefícios que uma atividade dessa proporciona em relação a qualidade de vida. Por enquanto, a Trilha dos Trilhos é feita na raça e no auto empreendimento!

De todo jeito, ainda sem o apoio necessário, é um passeio ciclístico que vale a pena pelas amizades, pelo clima de companheirismo, pela organização e certamente pelo belo visual dessa Trilha dos Trilhos.

Link no facebook : https://www.facebook.com/pg/TRILHADOSTRILHO/photos/?ref=page_internal







sexta-feira, 5 de agosto de 2016

quarta-feira, 29 de junho de 2016

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Experiências de religiosidade/místicas O Caso Chico




 Essa viagem da Estrada Real foi, pelo menos para mim, muito significativa do ponto de vista das experiências de religiosidade. Isso significa dizer que que vivi experiências de transcendência, de resignificações existenciais e mesmo uma abertura para a vida via uma racionalidade mística, uma racionalidade transcendente. 


De modo particular e sobre essas experiências, gostaria de narrar a leitura feita por uma companheira, a Giovana, a propósito do acidente ocorrido com o parceiro Chico. 

Quando decidimos sair de Casa Grande, pegamos uma estrada (na verdade descobrimos depois que estávamos em um caminho errado) de barro, com muitas descidas e subidas íngremes, e que daria (sem sabermos) na temível BR 040. E pela distância e nosso ritmo, certamente cairíamos na BR à noite, o que seria deveras temerário.

Graças a fatalidade de Chico tivemos que voltar e reorganizar nosso itinerário, pegando, dessa vez, o caminho correto, ou pelo menos o mais prudente.

O acidente de Chico teria nos livrado de algo pior? Teria sido Chico o nosso Guia (na verdade Chico geralmente assume esse papel de Guia e cuidador do grupo)? Chico teria se “doado” para salvar o grupo? Houve uma “intervenção” divina nessa história?


Bem, essa é uma leitura mística, que foge, com certeza, a racionalidade técnica e a lógica científica tradicional. Mas por que não abrir a possibilidade para “ler” a realidade via as experiências de religiosidade ou místicas?

Vivendo, pensando... e pedalando.







Conhecendo o nosso país

 Para quem já teve a oportunidade de fazer esse percurso da Estrada Real pode confirmar a rica e agradável experiência cultural, histórica e, claro, as maravilhas das florestas, dos morros, das flores, dos bichos e das águas.

Também é possível constatar o quanto o Brasil já produziu riquezas e continua a produzir. Vivemos os grandes ciclos, desde o Pau Brasil, passando pela cana de açúcar, ouro, café e agora petróleo e toda a capacidade agrícola do país. 

Produzimos tanta riqueza que fomos capazes de enriquecer muitos outros países e, mesmo assim, temos ainda chances de oferecermos uma melhor qualidade de vida para os nossos. 

A Estrada Real é mais um testemunho dessa capacidade do país de gerar riquezas, no caso, o ouro.  A despeito da sangria que houve desse minério por mais de um século,  dá para notar, pelas migalhas que ficaram, a monstruosa produção e o reboliço que deve ter sido, à época, com a economia extrativista, de caráter colonial. 

No meio da viagem e passando pelas dezenas de vilas que pontuam a Estrada Real, me lembrei do livro de Eduardo Galeano, As Veias Abertas da América Latina. Quem não leio ainda, recomendo fortemente (pode ser baixado em http://lelivros.black/book/download-as-veias-abertas-da-america-latina-eduardo-galeano-em-epub-mobi-e-pdf/). É uma leitura que nos ajudar a entender as razões de um continente tão rico (América Latina), mas ao mesmo tempo com enormes desafios no que diz respeito a distribuição de riquezas e as  injustiças sociais. Como explicar, por exemplo, o Brasil, sendo um país tão rico e capaz de produzir absurdamente riquezas durantes séculos, mas ao mesmo tempo, viver situações tão miseráveis? Será que é por causa da enorme quantidade populacional? Mas nem sempre foi assim! Será que a corrupção endógena é suficiente para explicar? Haveria uma lógica maior que coloca países como o Brasil sempre numa relação de dependência? Será que saímos realmente da condição de colônia, que tinha por obrigação gerar riquezas e matérias primas?


Vivendo, pensando....e pedalando...




quinta-feira, 16 de junho de 2016

O que significa uma viagem dessas? Qual o sentido? O que significa a Estrada Real?

Estas perguntas foram lançadas aos "doze profetas", aos doze ciclistas, e muitas respostas foram produzidas. 

Obviamente, as respostas remetem a perspectiva de cada um dos ciclistas, de cada um dos aventureiros. Alguns trazem o significado de recolhimento, relação, oportunidade de estar com o outro ou simplesmente o prazer de viajar de bicicleta.

Da minha parte, como sempre tenho dito, uma viagem como esta não é uma curtição (embora possa ter muito prazer) e não é, muito menos, uma simples viagem. 

Para quem nunca fez um pedal desse tipo é bom saber que existem muito mais durezas do que amenidades, muito mais sacrifícios do que regozijos… Só para ter uma ideia é comum dormir com a roupa suja (às vezes a gente usa a cueca do verso ao reverso sem lavar!), acampar ao relento (em coretos ou ginásios também), comer pão seco o dia inteiro, passar frio, sede... E quando o sacrifício e dor são grandes é normal que a gente se pergunte: "o que mesmo estou fazendo aqui!?".

Porém, tudo isso parece valer a pena quando conseguimos enxergar os nossos sentidos depositados nesses pedais. 

Como ia dizendo, para mim, um pedal desses tem um significado de transcendência, de religiosidade até. É também uma oportunidade de ressignificação da minha existência, de reconhecimentos, de experiências incríveis...

Muitas vezes a gente paga caro por isso! Eu mesmo paguei muito caro. Não falo só em termos financeiros, mas falo também em termos afetivos. As pessoas dificilmente vão entender essa experiência, o sentido dessa experiência. É possível que chamem a gente de maluco, de "não ter o que fazer"... Ou então podem dizer, a mulher ou o marido: "eu não entendo você! Por que se distanciar para reafirmar a relação!?". O custo, os resgates podem ser grandes. 

Mas voltando aos significados e sentidos das respostas produzidas, seguem aqui fragmentos e também áudios de alguns dos nossos companheiros:

Estrada real  é coisa de louco.
Estrada Real é ficar sem dinheiro (Gemeos).

Estrada Real é *amizade*que não tem preço!
É tipo brincadeira de criança... 
Estrada Real significa flores pelo caminho... 
É fazer oração.
Estrada Real é pedir licença à natureza... 
(Arquilene).

Estrada Real significa marcas no corpo. É acessórios que quebram e provocam acidentes (Chico).

Estrada Real é tromba (Paulo).


 Curta agora alguns dos áudios e sinta um pouquinho do foi esse pedal... Quem sabe você se empolga e saia do normal!

Clic aqui neste link:

Estrada Real

terça-feira, 14 de junho de 2016

Pedalar tem a ver com a energia do amor.

A cada pedalada que nós damos, que colocamos força, vem acompanhada da intenção de algo, mesmo que seja a intenção de chegar em algum lugar, de vencer o obstáculo ou de subir uma imensa ladeira. Essa força, inerente ao pedal, mesmo aqueles mais triviais e prosaicos, atrai, junta, quer algo, é desejante, pois almeja. 

A força do amor, no caso, tem em sua natureza a agregação, a comunhão, o querer estar junto na com-paixao. 

Pedal, portanto, é uma força que tem a ver com o amor. Porém, o amor não é pleno na incoerência, na metade, na parcialidade. Ou se ama ou não se ama.  No meu caso a incoerência me faz mal e o amor me ajuda no processo de inteireza e vice versa. 

Pedalar é para mim uma busca, ou melhor, a possibilidade de viver a intenção da força desejante que requer um ser inteiro e se realiza no amor.